Gonorreia

27/10/2017

Sendo uma das doenças mais antigas descritas pela humanidade, a gonorreia encontra-se nas escrituras chinesas, na Bíblia no Velho Testamento e em outros escritos antigos. O nome dessa doença é originado do grego sendo Gono = espermatozoides e rhoia=corrimento. Isso porque Galeno (130-200 d.C) observou uma mistura no exsudato purulento com o sêmen.

É uma doença bacteriana infecciosa do trato urogenital e que pode ser transmissível sexualmente. A gonorreia infecta as membranas mucosas do trato genital inferior que pode ter manifestações clínicas variáveis, desde ausência de sintomas até a salpingite aguda. Sendo que pode ser transmissível também por perinatal causando, conjuntivite neonatal e epididimite aguda.

O seu agente infeccioso é a bactéria Neisseria gonorrhoea, que foi descrito em 1879 por Neisser e cultivado em 1982 por Leistikow e Loeffler. Nessa época o conhecimento sobre como tratar corretamente essa infecção era escasso e ainda não tinha métodos capazes de diferenciar a gonorreia da uretrite não-gonocóccica.

Com o passar dos anos e com advento crescente da tecnologia o conhecimento sobre essa doença foi aumentando, como o tratamento com sulfonamidas e penicilina. E na década de 90 iniciou-se um conhecimento mais amplo do gonococo através da biologia molecular, que permitiu entender os mecanismos de ação entre a N. gonorrhoea e o homem. Onde se pode entender a interação patógeno-hospedeiro, mecanismos de resistência e a associação entre gonorreia e HIV.

A N. gonorrhoea é um diplococo Gram-negativo, anaeróbio facultativo, não formador de esporos e sem flagelos. Geralmente na microscopia pela coloração de Gram, encontra-se presente no citoplasma dos polimorfonucleares ou no espaço extracelular abundantemente.

Outro método de identificação da N. gonorrhoea é a oxidação de açucares, sendo que esta oxida a glicose e lactose. Necessita também de dióxido de carbono ou bicarbonato para o crescimento. Utiliza-se o meio de cultura ágar-chocolate enriquecido com glicose.

A infecção inicia-se quando a bactéria em questão entra em contato com o epitélio colunar em seguida se liga ao epitélio mucoso através dos pilli e pela proteína OPA, e após aproximadamente 24 horas ou mais penetra no organismo pelas células epiteliais até o tecido submucoso.

Com isso as células de defesa entram em ação com a intenção de destruir todo o agente infeccioso, gerando resposta através dos polimorfonucleares. Também ocorre descamação do epitélio, micro abscessos e exsudato. Os neutrófilos realizam a fagocitose dessas bactérias e em alguns casos continuam se multiplicando dentro da célula do hospedeiro.

Em casos mais graves, onde a gonorreia não é tratada, os mononucleares também entram em ação para destruir a N. gonorrhoea. Sendo que estas células persistem, mesmo após o fim da infecção, durante várias semanas.

As manifestações clínicas podem ser identificadas após o período de incubação e início da infecção. Geralmente é um processo localizado podendo ocorrer complicações no aparelho urogenital e até mesmo alterações sistêmicas.

A gonorreia no homem predomina a manifestação da uretrite aguda. Os sintomas podem variar, mas incluem, corrimento uretral, podendo se purulento, e disúria. Pode evoluir para a cura espontânea em algumas semanas e alguns homens não tem sintomas e nem uretrite aguda.

Uma das complicações mais comuns é a epididimite aguda, mas também pode ocorrer outras como o edema peniano, balanopostite, litrite, prostratite, orquite e ainda gonococcemia como a artrite gonocócica e complicações nervosas e cardíaca.

A gonorreia na mulher inicia-se com a infecção na endocérvice. Na mulher a infecção é um pouco menos clara por causa da co-infecção com outros agentes como a Clamídia e Trichomonas. Algumas são assintomáticas e outras com sintomatologia leve. Isso faz com que as mulheres com a doença, mas assintomáticas, acumulam-se na população. Quando sintomáticas apresentam cervicite, uretrite, corrimento vaginal, disúria e sangramento.

Nas gestantes pode ocasionar aborto, parto prematuro, ruptura prematura de membranas e mortalidade fetal perinatal. As manifestações permanecem as mesmas. Sendo que as mães infectadas podem transmitir a N. gonorrhoea durante o parto ou no período pós-parto. A conjuntivite gonocócica é a mais comum manifestação no recém-nascido, podendo causar cegueira. Sendo que estes também podem desenvolver a forma sistêmica da gonorreia. 

Referência:

Pena, Gerson Oliveira. Gonorreia; Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical; 33(5):451-464, set-out, 2000.

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