Anticorpos monoclonais

12/09/2017

Anticorpos são glicoproteínas utilizadas pelo sistema imunológico capazes de identificar, localizar, reconhecer, ligar e neutralizar substâncias não reconhecidas pelo organismo, denominadas antígenos, que podem ser bactérias, vírus, células tumorais. Suas características permitem que os anticorpos sejam capazes de reconhecer antígenos específicos após uma primeira exposição a eles (CATALÃO, 2008).

Após o contato com antígenos estranhos, existe um mecanismo importante responsável pelo aumento da diversidade dos anticorpos, denominado de Hipermutação somática que ocorre em alguns genes já reorganizados. Isso permite uma grande diversidade de anticorpos existentes. A capacidade de reconhecer um antígeno específico proporcionou vários estudos para a sua utilização em terapias e diagnósticos (CATALÃO, 2008).

A utilização de anticorpos, inicialmente, era através de soros imunes convencionais obtidos de animais após prévia imunização a um determinado agente. O uso do soro ocasionava produção de anticorpos por diferentes clones de linfócitos B e a afinidade e especificidade se mostraram diferentes, estes anticorpos foram denominados de anticorpos policlonais. Então se verificou a necessidade de uma produção ilimitada de anticorpos com a mesma especificidade e afinidade, sendo então desenvolvida uma técnica de fabricação de anticorpos monoclonais, que são produzidos por apenas um clone de linfócito B (MASSICANO, 2011).

Em 1975, o Dr. César Milstein e George Kohler, produziram anticorpos monoclonais através da obtenção dos hibridomas, que são originados a partir da junção de duas células que possuem características distintas. Utilizam-se células com características neoplásicas (tumorais), denominadas células mielomicas. Estas células possuem a capacidade de reprodução indefinida e podem ser cultivadas in vitro por longos períodos. Mas estas não são capazes de secretar anticorpos. A segunda linhagem celular são as células linfocitárias originárias do baço de um rato previamente imunizado, denominadas linfócitos B, que são excelentes secretoras de anticorpos, mas possuem baixa reprodutibilidade in vitro (DIAS, 2010)

Após a fusão das duas células é gerado o hibridoma, que reúne as características genéticas de ambas às células, ou seja, possui a capacidade de se reproduzir constantemente e também de secretar anticorpos contra o antígeno especifico resultante da imunização prévia. Também é necessário verificar a capacidade de produção apenas do anticorpo desejado, esse processo pode ser realizado através da execução de uma série de diluições, até chegar a somente uma célula que será clonada (Figura 2) (DIAS, 2010).

Mas a produção desses anticorpos monoclonais através do baço de murinos ocasionaram respostas de rejeição pelos indivíduos. Verificou-se então que a região Fc destes anticorpos interagia deficientemente com os mecanismos efetores do hospedeiro (sistema complemento, receptores Fc que ativam a fagocitose, etc.). ­­ Mas, com o desenvolvimento da Biologia Molecular e sua integração com a tecnologia dos hibridomas, foram realizadas novas formas de produção de anticorpos monoclonais, de forma que estes ficassem mais parecidos com anticorpos humanos. Isso foi possível através do uso de técnicas de DNA recombinante, que consiste em tornar a estrutura de aminoácidos dos anticorpos de ratos em estruturas muito próximas dos aminoácidos humanos, e ainda manter a especificidade do anticorpo. Essa técnica permite obtenção de anticorpos monoclonais completos e também fragmentos de anticorpos. Os anticorpos completos possuem tanto a região Fab como a região Fc e podem ser Quiméricos, Humanizados e Primatizados (CATALÃO, 2008).

2.1 Anticorpo Quimérico - obtidos por DNA recombinante com regiões humanas e de ratos, sendo as regiões constantes da cadeia leve e pesada obtidas da imunoglobulina humana e as variáveis de anticorpos monoclonais de ratos (CATALÃO, 2008; SERPIERI, 2009).

2.2 Anticorpo Humanizado - formação de 90 a 95% de estrutura humana, e 5 a 10% de ratos unidos de forma híbrida a região variável e o resto de genes humanos (CATALÃO, 2008; SERPIERI, 2009).

2.3 Anticorpo Primatizado - regiões variáveis da Macaca fascicularis, que possui uma estrutura parecidas com as variáveis humanas e a região constante é humana (MARQUES, 2005).

CATALÃO, Dianne Marie Barroso. Caracterização funcional do Anticorpo Monoclonal Humano BH1. 2008. 66f. Dissertação (Mestrado em Biologia Molecular e Celular) - Universidade de Aveiro Departamento de Biologia. 2008.

DIAS, Carla Roberta de Barros Rodrigues. Estudo comparativo da marcação do anticorpo anti-CD20 com 188Re. 2010. 147f. Tese (Doutorado em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear) - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, São Paulo, 2010.

MARQUES, Carlos Humberto. Aspectos fundamentais à implantação da tecnologia de produção de anticorpos monoclonais humanizados com potencial aplicação terapêutica. 2005. 126f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Imunobiológicos) - Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos, Rio de Janeiro, 2005.

SERPIERI, Flávia. Geração de linhagens de células cho transfectadas com vetore para expressão de anticorpos monoclonais humanizados anti-determinantes leucocitários: anti-cd3 e anti-cd8. 2009, 62f. Tese (Doutorado em biotecnologia) - Instituto Butantan, São Paulo, 2009.

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